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A R teve uma visita de estudo ao Porto. Excursionista devota como é, viveu intensamente o antes, o durante e o depois, como é seu hábito.
Nós, tranquilos, observámos e respeitámos a sua forma de viver o momento, e confiámos em pleno no profissionalismo e responsabilidade dos adultos que seguiam com eles.
Às 10 horas da manhã, recebo um e-mail dirigido a vinte e tal pais com o seguinte texto "recebi SMS da professora e chegaram às 9h57 ao museu... estão todos bem!" Uma mãe muito pró-activa tinha decidido partilhar a informação com os restantes. Simpático, pensei.
Pouco depois do meio-dia recebo um outro e-mail, desta vez informando que "saíram agora do museu e vão almoçar... não chove muito no Porto e a viagem de barco pelo Douro começa às 14h30... estão todos bem." Aqui começo a pensar que já é demais, talvez... ou sou eu que sou muito desligado?
Mas o terceiro e-mail, recebido por volta das 15 horas, a comunicar que "os nossos meninos estão no meio do rio Douro!!!", deixou-me perplexo!
Deixou-me perplexo e com uma data de questões por responder na cabeça. A saber:
- Esta necessidade de saber dos "nossos meninos" é pura preocupação parental ou é uma mistura de querer reviver tempos passados e de viver a vida deles?
- Saber, a toda a hora, se eles estão bem numa mera visita de estudo é normal ou é uma forma de demonstrar falta de confiança na responsabilidade de quem os acompanha?
- Saber que a minha R se sentiu indisposta, estando ela a 120 quilómetros de distância, vai-me tranquilizar de alguma forma?
- Se a minha R tivesse algum problema durante a visita, e tendo a professora o meu contacto, não me ligaria ela a informar?
- Quais as consequências, para eles e para nós, desta superprotecção? Serão eles, no futuro, adultos mais seguros e tranquilos?
- E para terminar este veneno matinal... Coitada da minha mãe, que nunca recebeu um e-mail nem um SMS com a actualização em tempo real de como corriam as visitas de estudo à 30 anos... Como é que ela sobreviveu, e eu, sobreviveu a isso????
Ontem um jovem de uma das equipas que coordeno foi pai. Momento único na vida de qualquer pessoa.A vida muda bastante, quer queiramos, quer não.
Ainda assim, a fase de trabalho que esta equipa atravessa é complicada, e lembrámo-nos de ir buscar um reforço a outra equipa mais desafogada, pelo menos para estes 10 dias de licença parental.
Como qualquer "boa casa" gerida por jovens septuagenários feitos a pulso, nada se faz sem o consentimento superior.
Ora, sabendo disto, eu e a chefe dessa equipa fomos fazer a proposta ao chefe.
- Pois, hoje o João foi pai... - informo.
- Parabéns! Realmente temos de lutar contra o envelhecimento da população. - responde com um sorriso genuíno no rosto.
- Pensámos em ir buscar alguém a outra equipa, porque não vai estar nos próximos 10 dias. - continuo.
E automaticamente paro o discurso com a mudança súbita no semblante do chefe. Bicos da boca para baixo, como dizia a R quando era mais pequena. E sai-lhe a seguinte pérola:
- Dez dias? Mas porquê?! O rapaz é que vai amamentar a criança?
Ora, eu poderia agora tecer aqui toda uma dissertação acerca do momento em questão, enumerar uma série de argumentos em relação a direitos laborais adquiridos ao longo de gerações e gerações, e inclusivamente abordar o tema da importância da parentalidade e da felicidade dessa condição... Mas não vos quero maçar com o óbvio, apenas lembrar que "eles*" continuam aí.
* "eles" - com esta denominação, o autor pretende referir-se a uma série de pessoas que parecem ser indiferentes ao que se passa ao seu redor, excepto quando lhes toca a eles ...um género que deveria estar extinto há pelo menos 2 gerações, mas que continua a gerar espécimens nos dias de hoje, altivos na sua postura e magnânimes nas suas doutas e acertadas convicções chauvinistas e ultrapassadas.
Há pessoas que são tão críticas com os outros e com a vida que conseguem fazer com que nos afastemos delas por uma questão de sobrevivência...
E eu sei do que falo... Só espero fugir a tempo para não ficar assim também!
O que se responde a alguém que nos diz "já nasci velha"?...
Sempre pensei que a maioria das pessoas escolhe a roupa que usa por razões muito pessoais, que podem ir do simples marcar uma posição (como foi o início do Punk), para se identificarem com uma determinada tribo urbana (góticos, betos, etc), para não terem de pensar e apenas se sentirem confortáveis (sendo o exemplo extremo as personagens que vestem fato de treino ao fim-de-semana), ou para se sentirem de certa forma atraentes e com estatuto perante os pares e/ou potenciais parceiros sexuais (e peço desculpa pelo discurso pseudo-técnico, mas foi a melhor forma que encontrei de o descrever).
Ora, é com algumas pessoas desta última categoria ("para se sentirem de certa forma atraentes e com estatuto perante os pares e/ou potenciais parceiros sexuais") que o meu pequeno cérebro neanderthal bloqueia e entra em loop.
E esta minha paragem não acontece por haver pessoas que se vestem com esse propósito (consciente ou inconsciente), até porque acho que a esmagadora maioria o faz (inclusivamente os "desalinhados" das tendências da moda tentam parecer mais atraentes segundo os padrões da sua "tribo"), mas porque na maior parte das vezes essas pessoas dão importância à opinião de uma miríade de críticos experts desta área (leia-se, da moda) que não se enquadram no "público alvo": nem são pares, nem são eventuais parceiros amorosos!
Confusos? Acredito... Vou retirar os "pézinhos de lã" à minha escrita, correr o risco de ser vaiado e apupado por ser mal interpretado (mas cá estarei para esclarecer as dúvidas), e vou concretizar a minha ideia:
Expliquem-me, pela alminha da Santa, porque é que há mulheres que ligam tanto à opinião dos críticos de moda homens homossexuais?
Porque é que, por exemplo, o Cláudio Ramos há-de ter uma opinião de relevo em relação ao que as mulheres devem ou não vestir??? O senhor não encaixa em nenhuma das categorias: não é um par, porque é homem; não é um potencial parceiro amoroso, porque é gay! Então porquê dar tanta importância ao que esta criatura opina acerca disso? Ele não vai poder dizer com conhecimento e validade empírica "eu vestia aquilo, mas noutra cor para salientar a cor da minha pele", nem por outro lado vai poder dizer "acho que uma mulher vestida dessa forma fica super atraente, sem ficar vulgar"! Então, de que vale a opinião dele, Jasus?...
Não me faz sentido, desculpem... Mas a verdade é que proliferam nos media, como cogumelos...
Ouvi na rua:
- Berlim decepcionou-me em termos arquitectónicos. Tem demasiados edifícios modernos. Não é como Paris...
Mau... Já ouviram falar na Segunda Guerra Mundial?! Não? Então vejam o entulho que sobrou em 1945... Têm sorte é de ainda existir alguma coisa de antes da guerra...
Ontem estava a falar com uma colega num dos corredores do escritório.
Abre-se a porta da rua e entra uma outra colega que, alegre e bem disposta como é seu apanágio, dá os bons dias.
- Bom dia Joana! - respondi eu.
E assim, vindo do nada, sem qualquer sinal ou queixa de enjoo matinal, ou de outro sintoma que tal por parte desta Joana, a outra colega pergunta:
- Está grávida, Joana?
- Não, não estou... - fechou o sorriso e continuou o seu caminho.
Alguém me explica porque é que há mulheres que têm prazer em serem umas cabras para as outras?!
A minha alma "alimenta-se", em parte, com o sucesso dos que me rodeiam, sejam eles pares ou subordinados. Fico feliz e contente quando acompanho as suas vitórias e a sua dedicação para lá chegarem.
Mas deparo-me com tantas pessoas que retiram o mesmo prazer das derrotas alheias, principalmente dos pares, e que nunca são capazes de ser compassivos, nem de dizer "parabéns", "bom trabalho"...
Alguém me consegue explicar...
(P.S. - e eu sei que tenho uma língua afiada, mas ainda assim, porra!)
- É complicado levar o S à escola... Perco imenso tempo!
- Na viagem? - pergunto eu.
- Não, para conseguir sair da escola...
E lá começa a minha imaginação a fazer filmes, a maior parte deles capazes de ganhar menções honrosas no Fantasporto (começo a ficar preocupado com este padrão... talvez venha a precisar de psicoterapia)...
- Mas tu entras na escola para deixar o S? - questiono.
- Claro! - sai automaticamente, como se da coisa mais óbvia se tratasse - Tu não?!
- Não, dou-lhe um beijo à porta (com uma carinhosa palmada no rabo e um afectuoso "até logo, palhaço!") e deixo-o entrar sozinho para ir ter com a sua gang... Faço mal?
Para que hei-de de entrar, pergunto-me eu. Estarei a ter um comportamento erróneo?
Nos dias seguintes analiso o comportamento dos outros pais e faço a minha análise estatística com a amostra disponível! Com um intervalo de confiança de 95%, os pais ficam à porta e as mães entram, olham e conversam!
Mas para quê? Para ver como está vestida a educadora? Ela está sempre de bibe, como os miúdos! Para contar quantos já chegaram? Eles estão a correr de um lado para o outro, quem os consegue contar! Só para confirmar que a história do Ciclo do Mal foi só uma questão de dicção e fruto da minha imaginação?
Alguém me explica porque é que as mães insistem no briefing matinal e no debriefing vespertino?...